segunda-feira, 1 de junho de 2009

SEXTA BOTEQUEIRA

Por André Caixeta Colen

Pois é amigão!!! Chegou sexta-feira, o DIA INTERNACIONAL DA CERVEJA, BOTECO E CONVERSA FIADA. Você não vê a hora de bater aquele último minuto do expediente para sair correndo de sua mesa, bater o ponto no relógio e correr para um boteco, também conhecido por outros tantos nomes, tais como: Biroxxxca (como diriam os cariocas), barzinho e, segundo a padronização entabulada por Lineu, em seu sistema de classificação científica, conhecido como butecum sujismundus copi.

Todo animado, feliz da vida. Hoje tem amigão. Bater aquele papinho, rir muito, contar vantagens de preferência para outros homens, coisas do tipo: “Putz!!! Sabe aquela morena do expediente!? Aquela, gostosona!? Pois é cara!!! Ela ta me dando a maior idéia!?”, ou ainda, “Cara! Eu sei qual é. A tal de Raquel, né mesmo!? Cara!!! Você não vai acreditar, mas eu já comi aquela safada!” (detalhe, caro leitor, é que a Quelzinha, é como os íntimos (como eu) chamam a Raquel, só tem dois dias de casa na empresa).

Mas isso pouco importa amigão o que importa é falar dos três temas que mais circulam em mesas de botecos repletos de homens: FUTEBOL, CARRO E MULHER — Não necessariamente nesta ordem.

Caro leitor, imagine a cena:

“Cinco e quarenta e cinco da tarde, o relógio do seu PC chega ao ponto desejado por todo empregado. Começa aquela corrida frenética ao relógio de ponto que se localiza na saída da empresa (neste instante toca ao fundo a música Cavalgada das Valquírias de Wagner e tudo se move em câmera lenta). Você começa a trombar nos demais colegas que, como você, estão desesperadamente atrás da marcação de ponto. É aquele tumulto, um verdadeiro vuco-vuco.”

Amigo!!! A cena não fica nada a dever para um estouro de boiada!!! E aí, você chega ao relógio e o que está lá!? Hein!? Pois é amigo a MESBLA, do F.D.P., da JOSTA do relógio de ponto está marcando cinco e quarenta e quatro. Como você, os demais 218.421.815.318.121.566 funcionários da empresa fazem aquela fila indiana BABACA para marcar o ponto de saída.

Segundo a Lei de Murph, bem como estatísticas promovidas pelo Instituto Data Foda-se, a possibilidade de seu chefe aparecer neste momento de espera, varia entre 87,96% a 97,98%. Caro leitor!!! Você pode estar certo!!! Caso você for pego neste minuto interminável e totalmente constrangedor, com certeza na próxima sexta-feira você terá uma infinidade de tarefas “extras” a serem realizadas.

Amigo!!! Seja inteligente!!! Atrase o relógio de seu computador cinco minutos, pois a chance deste te sacanear, segundo estatísticas do Instituto Institucionalizado Instituído e Instalado Nacionalmente para os Empregados Embromadores Mineiros, o I.I.I.N.E.M., é de 99,84%.

Pois bem!!! O bosta do seu chefe não apareceu!!! (Bosta não, porra!!! O cara é gente fina!!! Gente fina, caramba!!! Vamos pegar leve, afinal eu também tenho chefe e vai que ele resolve ler esta merda). Aqueles sessenta segundos intermináveis se passaram, você marcou seu ponto, desceu as escadas, afrouxou a gravata, desabotoou o primeiro botão da camisa, dobrou a manga até a altura do cotovelo e agora está no estacionamento da empresa esperando os demais colegas se reunirem para escolherem o boteco que vão tomar aquela gelada.

É neste momento que tudo pode tomar dois caminhos totalmente opostos. Um, é aquele em que vocês vão para o “Boteco do Zé” (normalmente na esquina da empresa) vão tomar umas geladas e lá pelas oito ou nove horas da noite vão estar indo para o seio de seus lares, tranqüilos, relaxados e prontos para um excelente fim de semana que promete. Ou, dois, vocês vão para aquele bar badalado na zona sul da cidade e aí amigo é “pau dentro sem tirar”!

Segundo estatísticas promovidas pelo Instituto Mineiro de Botecos para Empregados Consumidores Incontroláveis de Levedo (I.M.B.E.C.I.L.), 99,99999999999% dos empregados preferem, na sexta-feira, os bares badalados na zona sul da cidade.

Tudo muito bem, tudo muito bom, você entra no seu carro e começa a jornada para aquele barzinho federal. Mas caro leitor, se ligue: É SEXTA-FEIRA mané!? E todo mundo que trabalha como você teve esta mesma magnífica e brilhante idéia!!! Ou você acha que só vocês trabalham por uma sexta-feira de pura cerveja gelada!?

Daí amigo é aquele trânsito fodido nas calças, é neguinho buzinando, é neguinho xingando a mãe, o pai, o cachorro, o papagaio, é motoboy passando igual um louco quase levando seu retrovisor (isso quando efetivamente não os leva junto consigo), é aquela dona-maria dirigindo como se a avenida fosse feita somente para o seu próprio deleite, é neguinho que tem idade para ser seu tatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatataravó dirigindo numa velocidade compatível ao de uma lesma com preguiça.

Éééé amigo, o que era para ser um relaxamento começa a se tornar um inferno astral. Mas você é um cara bem humorado, de bem com a vida, afinal, hoje é SEXTA-FERIA, o DIA INTERNACIONAL DA CERVEJA, BOTECO E CONVERSA FIADA.

Então, após umas duas horas de muita buzina, poluição na cara, estresse, engarrafamento, donas-maria, velhinhos no volante, “motoboys”, você chega próximo ao local do bar descolado de zona sul.

Neste instante começa um novo suplício amigo, chamado LOCAL PARA ESTACIONAR O MAESTRO (nome dado ao carro de um grande amigo meu a quem resolvi render minhas homenagens, afinal a cada esquina era um concerto).

Meu amigo, o que você queria encontrar numa sexta-feira no centro de alguma capital brasileira: Quarteirões e quarteirões repletos de vagas para estacionar!? Fala sério!!! Você vai ter de penar para arrumar uma nesga de lugar para colocar o possante, sem falar na porra do flanelinha que fica enchendo o raio do saco dizendo: “Aee!!! Dotô vai querer vaga!?” (para o flanelinha até um cara dirigindo um fusca 66 é “dotô”).

Neste ponto sou obrigado a abrir um breve, mas significativo aposto:

“O Flanelinha é uma espécie de predador das ruas de grandes cidades brasileiras. É como uma praga, uma pestilência mesmo. Também conhecido como homo riscadum carrus esta subespécie humana, só comparada a estagiários, vive nas ruas das grandes metrópoles brasileiras perpetuando a extorsão sobre o manto da impunidade. Nem bem você estacionou o seu carro e o filho-da-puta, digo, flanelinha já vai lascando a chapuletada: “Aee Dotô pra segurança do esquema aqui é cinco conto adiantando, tá ligado!?” Cara, pode não parecer, mas os caras tabelaram, formaram cartel, se bobiar, até sindicato formado eles devem possuir. O que antes era um real só para calar a boca dos safados que faltavam chorar de tanto pedir, virou extorsão grossa. E se você não pagar. Putz!!! Ai fodeu tudo mesmo!!! Quando voltar da sua noitada você já perdeu para-brisa, lataria, som, enfim, VOCÊ SE FERROU COM FORÇA!”

Fechemos este breve aposto, pois você — caro leitor — você é um cara bem humorado, de bem com a vida, afinal hoje é SEXTA-FERIA, o DIA INTERNACIONAL DA CERVEJA, BOTECO E CONVERSA FIADA, então você dá o “cinquinho” para o flanelinha e sai em busca do bar descolado e alto astral.

Amigo!!! Fala sério!!! Você está em ponto de bala!! Você pensa: “PUTA MERDA!!! HOJE O BICHO VAI PEGAR COM FORÇA!!!” Você chega na esquina e encontra uma fila já quase dobrando e pensa: “QUE BANDO DE MANÉS!! SEXTA-FEIRA E ENCARANDO FILA DE BANCO ATÉ ESTA HORA!!!” E continua a andar até que se depara com a realidade:

MANÉ É VOCÊ!!! A FILA NÃO É PARA O BANCO, MAS PARA O BAR DESCOLADO QUE JÁ TÁ CHEIO DE GENTE DESCOLADA, TOMANDO UMA CERVEJA GELADA TOTALMENTE DESCOLADA, AZARANDO MULHERES DESCOLADAS E SE DIVERTINDO DESCOLADAMENTE.

E o que você faz!? Eu repito: o que você faz!? Isso mesmo: VOCÊ COLA NA FILA PARA ENTRAR NO BAR DESCOLADO, JUNTO COM OS PANGUAS DO SEU SERVIÇO.

Tudo isso pouco importa, não é mesmo. Você é um cara bem humorado, de bem com a vida, afinal hoje é SEXTA-FERIA, o DIA INTERNACIONAL DA CERVEJA, BOTECO E CONVERSA FIADA (isto está começando a parecer um mantra, puta-merda).

Então, finalmente, após mais duas horas em pé, secos por uma breja gelada, você conseguem por o pé dentro do bar (eu disse colocar o pé dentro do bar, porque mesa que é bom neca de pitibiriba). Se quiser vai ter de ficar espremido num canto do balcão do bar, em pé, junto com aquele outro monte de homens, pedindo, quase pelo amor de seus filhinhos (que você não tem), para que o barman lhe sirva uma cerveja estupidamente gelada. Daí o amigão (barman) lhe entrega a breja e você pensa: “Agora sim começou meu fim de semana!!! Agora é pau dentro sem tirar, porra!!”.

Ledo engano amigo, quando você coloca a cerva no copo vem mais espuma que banheira de hidromassagem com sabonete líquido. Exatamente!!! A PORRA DA CERVEJA ESTÁ QUENTE. Aquela cerveja gelada e descolada já acabou faz tempo (enquanto você esperava na fila para entrar no bar descolado, lembra!?). Não há algo mais depressivo e revoltante para uma sexta-feira, em um bar descolado de zona sul, que a bosta da cerveja quente. Vamos combinar, cerva quente é pior que remédio, pois é ruim, é amargo, é depressivo e não faz bem nenhum à saúde ou ao espírito.

Amigão!!! A M I G Ã O !!! Isso não importa. Você é um cara bem humorado, de bem com a vida, afinal hoje é SEXTA-FERIA, o DIA INTERNACIONAL DA CERVEJA, BOTECO E CONVERSA FIADA (esta parada está começando a me irritar).

Você então parte para outras bebidas, aquela caipirinha, aquela tequilazinha, aquele uisquinho, papo vem, papo vai, daí senta na cadeira do lado uma gata daquelas de parar o trânsito, mas com um bico do tamanho de um tucano, com a cara fechada e braços cruzados. Ai você, que já está mais altinho, está no ambiente de descolamento, resolve chamar a moça para bater um papo com a turma. Ela não pensa duas vezes e começa a prosear com você e os demais colegas. A coisa está ficando boa, né mesmo!!! Apesar de todo estresse no trânsito, a paranóia para estacionar O MAESTRO, a fila interminável do bar, as coisas estão começando a se acertar, não é mesmo!? E R R A D O!!!!

Caro leitor, quando você começa a achar que a noite vai render aquele motelzinho “exxxperto”, eis que aparece o namorado da moça, puxando você pela manga da camisa e perguntando: “Qualé mermão, tá de talarico com minha mina!? Cê tá doido, mermão!? Tem medo da morte não!?” Você olha para o caboclinho e ele é do tipo: “faço jiu jitsu, sou um cara criado no morro e bato pra caralho” (detalhe que o sujeito é um fedelho de zona sul, que faz jiu jitsu só para parecer marrento e nunca pôs o pé numa favela, salvo para comprar maconha pra “turminha” de boiolas que vão para sua casa quando os pais estão viajando).

Até este momento, tudo bem, a conversa é altamente contornável, você pergunta a garota se ele é mesmo o namorado dela, ela, por sua vez, diz que sim, mas que estão brigados.

Ora, qual é sua reação diante deste novo fato!? Você diz gentilmente ao babaquinha (leia-se fedelho): “Amigão não sabia que a moça aqui era sua propriedade e não tem nenhuma corda amarrado-a a nós, se ela quiser sair daqui será problema dela!” Você se vira para seus amigos e continua a conversa como se nunca houvesse tido tal interrupção, afinal é sexta-feira e a última coisa que você quer é confusão, estou certo!? E R R A D O!!!! Neste instante você só sente o safado te puxando novamente pela manga da camisa e dizendo: “Você vai morrer filho-da-puta!”

Ahhhhhhhhhh amigo, aí ninguém é de ninguém, é garrafada de um lado, é mulher gritando de outro, e mesa quebrando de um lado, você trocando tapa de outro, e cadeira rachando no cocoruto do fedelho de um lado, é o segurança do BAR DESCOLADO lhe dando um “mata-leão” do outro, até que, ultrapassados não mais que quarenta e cinco minutos no bar, você e seus amigos são colocados para fora, após de levar uns bons safanões.

Caro leitor, não se preocupe, pois você é um cara bem humorado, de bem com a vida, afinal... (AFINAL É A PUTA QUE TE PARIU SEU ESCRITOR DE BOSTA. VAI SE FODER, SEU MERDA!!!)

Bom, apelou, perdeu né!?

No mais a sexta-feira é um dia de revelações e expectativas por um excelente fim de semana que está por vir. Pelo menos é o que reza a lenda, né mesmo!?

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