quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

História do Ete

André Caixeta Colen

Certa feita Marinete, que vivia com Elizete, resolveram sair com seu Chevet 77 que acabara de comprar.

Empolgadíssima, Elizete abriu o porta-luvas do carro, sacou a fita cassete e começou a ouvir – PASMEM!!! – Roxette. Aquela “safadieeenha”!!!

Papo vai, papo vem, elas encontraram a Bernadete, que acabara de comprar um Monza Hatch, após vender, muito bem vendido, sua mobilete.

Estavam dentro do carro Hatch: a Odete, Elizabete e a Ivonete (que era a maior piriguete).

A Odete, não ficou muito tempo, iria se encontrar com um gringo. Acho que era soviete. Tinha um nome esquisito. Um tal de Kubitschek. Metida ela, nem sabia falar nada além de português (que não rima com ete). Ela deveria ter buscado um intérprete. Dizia ela que ele era músico, violinista. Eu duvido, no muito deveria tocar um trompete.

Ivonete, que era vedete (além de piriguete, é claro!), estava cansada, queria ir para casa. Sabe como é! Pai com diabete, irmã paquete, irmão malandrete e, como se não bastasse, tinha uma mãe viciada em espaguete com molho etti (que coisa de pobre!).

Então, Marinete, Elizete, Bernadete, Elizabete e o Ney, que até agora não havia aparecido na estória, mas só o fez para foder com a rima do ete, foram para o bar do Seu Colèt, um francês metido, que só servia croquete.

Contudo, devo me render a uma coisa, ninguém na região fazia croquete como o Seu Colèt. Como ele mesmo sempre disse:

— Comigo ninguém compete!

Estavam lá todas conversando, Ney (o babaca que estragou a rima) contava um descoberta revolucionária, um tal de disquete. Acomete, que de repente, um pivete, portanto um canivete, o colocou no pescoço da Bernadete pegou a bolsa e saiu correndo, trombando, inclusive, na Garçonete do Seu Colèt.

Marinete, que tremia como vara verde, estava muito nervosa, meio chiliquenta mesmo. Daí um cliente meio que saía do toalete, mascando um chiclete disse:

— Se aquiete!

Aquilo tudo parecia uma cena de cinema, só faltou mesmo a claquete. Depois deste turbilhão de emoções, Marinete, Elizete, Bernadete, Elizabete entraram nos seus carros. Marinete no chevet 77 e a Bernadete no Monza Hatch. E antes que alguém complete, Ney ficou no bar comendo croquete do Seu Colèt e paquerando a garçonete (Não contem para ninguém, mas Ney era Gillette!).

Partiram, todas, para a quitinete da Margarete, amiga da Marinete. Chegando lá, Margarete, toda solicita, abriu uma grapette, cortou uma baguette, colocou na mesa e se colocaram a conversar. Elizete que estava morta de fome acabou comendo uma omelete.

Devo dizer que rimar com ete é difícil, às vezes, a gente se repete.

Em meio a baguettes, grapettes e alguns risos, Margarete resolve mostrar o novo brinquedo que comprou no sex shop. Menina, aquilo mais parecia uma Manéte (eu sei que não é acentuado, tá!?). Marinete, que só era acostumada com o “cotonete” do irmão da Claudete, que também até então não havia entrado na estória (ao menos ela não avacalhou a rima do ete, né mesmo!?), logo quis saber o endereço, para ter, ela também, o seu próprio manete.

Agora, este que narra esta epopéia, não tinha nenhuma máquina de datilografar Olivetti, então me sentei à frente deste PC, tentando redigir este texto, com muita dificuldade porque o filho-da-puta do Windows dizia estar com problema de soquéte (nem precisa dizer, eu já sei: Não tem acento no “e”!).

Eita danado do ete!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Coisa de Maluco (parte I)

Por André Caixeta Colen

Caro leitor(a), se você já foi ou é estudante de faculdade sabe que um dos momentos mais esperados pela turma é sempre o “churrascão da galera”, também conhecido como “churras da facu”, “churras” e tantos outros nomes singelos e carinhosos que serpenteiam o léxico popular brasileiro.

Pois bem, você já está lá pelo terceiro período de faculdade, ou segundo ano, conforme o caso. O pessoal já se conhece relativamente bem, já existe um entrosamento e você, como tem um “sítio” perto da cidade, resolve articular planos malignos com o intuito de realizar uma baguncinha.

Mais do que depressa você já arranca uma folha de papel do seu caderno e dá um título sugestivo “CHURRAS DOS ‘MALUCO’” (eu sei a concordância esta errada, mas é proposital), logo abaixo e com um garrancho quase indecifrável você escreve: “Aí galera! Churrasco no sítio do ‘fulano’ (aqui o nome foi ocultado para proteger a identidade e futuras persecuções policiais). Coloque seu nome, telefone de contato.

Como a maioria vocês são todos estudantes a lógica diz que são todos duros e mais do que depressa analisam que churrasco é algo relativamente barato. Vocês só devem comprar umas cervas, uns litros de cachaça, limão, açúcar e gelo, umas carnes, mussarela, arroz, farofa industrializada (ninguém vai parar para fazer farofa, né “colhega”!?), e finalmente cebola, pimentão, tomate e vinagre para o famigerado vinagrete.

Para completar a festa chamam-se as mulheres da sala, que pagarão somente a metade do preço do churrasco (técnica para tentar atraí-las), além, e é claro, das “amigas” que também curtem o churrasquinho. Porque churrasco sem mulher é como cerveja quente: é ruim; é amargo; não faz bem para saúde; e NÃO TEM GRAÇA ALGUMA.

Então com tudo armado, lista pronta, começa a aventura e peregrinação da galera em busca de ofertas em tudo quanto é supermercado, hipermercado, bares, distribuidores de bebidas e biroscas. É uma busca frenética e incessante pela bebida mais barata, pela cerva na promoção, pela caninha mais concentrada e barata que se possa pensar.

Finalmente, após muito percorrer a cidade em busca de promoções a turma consegue latinhas de Itaipava a alguns centavos de real. Detalhe que a cerveja estava a dois dias do vencimento, mas isso pouco importa, pois seria totalmente sorvida pela turba enlouquecida. Vocês conseguem também comprar cinco litros de cachaça (se é que se pode chamar aquilo de cachaça). Compram a carne e toda aquela parafernalha inerente ao churrasco dos “Maluco”.

Na sexta-feira, após a aula, vocês se reúnem na porta da faculdade, com todos os badulaques necessários e pegam estrada rumo ao “sítio”. Mas meu caro, sítio é algo arrumado, com quartos arrumados, com uma casa arrumada, com algum tipo de estrutura para o final de semana. Quando você chega ao tal “sítio” o negócio está mais para a casa da família Adams. É de dar medo! Fato!

A casa é totalmente isolada do mundo, não possui linha telefônica fixa, o único telefone próximo era na cidade, cerca de 20 km da casa dos Adams, ou seja, se você passar mal, for picado por algum bicho peçonhento, se estrumbicar e rachar o coco no chão, você vai morrer.

Ah! Antes que eu me esqueça!

Celular!? Nem pensar, Diomar! (rima babaca e proposital!)

O ingresso e permanência na casa é, SOBRETUDO, um ato de coragem, pois a casa parece que a qualquer momento vai cair sobre si mesma. As paredes totalmente carcomidas pelo tempo, as janelas de madeira estão visivelmente apodrecidas pelo tempo e pela ação dos cupins, ou seja, o sujeito para entrar tem de estar imbuído de um espírito aventureiro extremo. No caso de vocês é uma vontade enlouquecida de beber, falar besteira e quem sabe lograr êxito com alguma “gatieeeenha”.

Após fazerem uma breve inspeção na área percebem que o tal sítio conta com a casa principal, alguns pastos á frente, aos fundos uma área de churrasqueira TOTALMENTE IMPROVISADA, um tanque de água que alguns doidos (inclusive você) insistem no fato de ser uma piscina, mas que ninguém em sã consciência se atreveria a entrar. Localizam, então, o freezer que se encontra desligado, a geladeira (daquelas que até um pingüim sobre as mesmas tem) e o restante do mobiliário da casa, que como ela, está caindo aos pedaços.

Vale inclusive ressaltar que na sala havia uma televisão que todos insistiram em tentar ligar, contudo acharam que a mesma estava estragada. Só não perceberam que se tratava de uma TV de válvulas e como tal deveriam esperar o aquecimento, mas isso pouco importa, o que importa é que a cerveja deveria ser gelada e o freezer estava desligado.

O desespero por álcool no corpo é de tamanha monta que vocês colocam a cerva no freezer, arrumam as carnes na geladeira e aí vem a brilhante idéia. Vocês trouxeram dois sacos de gelo quando passaram pela cidade e resolvem pegar alguns limões, açúcar e a cachaça para fazer caipirinha.

Amigo!!! Uma bebida que, com pouco mais de seis reais, vocês compram três litros de “branquinha” não pode ser algo deste mundo. Contudo, isso é um mero detalhe e facilmente resolvido com um acréscimo generoso de açúcar. Então as “gatieeeenhas” se colocam a cortar os limões enquanto vocês espremem os mesmos num bule de café.

Sim, você não leu errado caro leitor, EM UM BULE DE CAFÉ!

Após espremer os limões vocês acrescentam doses cavalares de açúcar para deixar a coisa bem docinha para que as moçoilas não reclamem e se encharquem de cachaça. Acrescentam a branquinha (que está mais para álcool absoluto) e gelo, muito gelo, além, é claro, dos pedaços de limões que não foram espremidos.

Pegam uma colher de pau e misturam aquela gororoba toda. Detalhe, a colher de pau sequer viu uma água antes de ser colocado no bule. Afinal, o gostinho de madeira guardada, empoeirada, e mal lavada dá um toque todo especial à mistura.

Então vocês para bancarem os estudantes requintados, em que pesem a dureza de seus bolsos, cortam cavalares nacos de queijo provolone, canastra e fritam uma lingüiça calabresa no bom estilo pif-paf (pensem numa lingüiça ruim! É isso!), sentam-se na varanda da casa o bule sobre o centro da galera, junto com uma travessa cheia de lingüiça e queijo. E aí a coisa começa a degringolar.

Cachaça, “colhega”, é bebida do capeta. E o problema, ou melhor, “pobrema” maior é que quando misturada ao limão e ao açúcar você só percebe que está tonto quando já é tarde demais.

Vocês, como dignitários representantes do M.M.A. (Movimento dos Manés Anônimos) então resolvem que irão ascender o “Dedo do Kong”, para quem não entendeu pergunte o que é a qualquer “bicho grilo” e ele explicará com requintes de detalhes.

Amigão, vocês além de estarem com o capeta no corpo resolvem que este danadinho tem de ficar de viagem. Fala sério! Como é que podem ser tão Manés assim!? Então no auge do olhar vago, do riso solto, sem quê nem por que, um de vocês resolve ter a brilhante idéia de fazer um chazinho. Mas não qualquer chazinho. Estamos aqui falando de o famigerado Chá de Cogumelo.

Os “espertões” saem à procura dos danadinhos (leia-se cogumelos), lembre-se você já está com o rabo cheio de cachaça, já sentiu a fumaça branca que saía de traz do bambuzal e agora, de repente, não mais que de repente, vai encarar um chá descompromissado. É companheiro o sistema pode e vai ficar muito bruto!

Após colherem os cogumelos se colocam no preparo, ajeitam tudo. Não direi como é feito o chá para não acharem que estou fazendo apologia ao uso de drogas. Não estou. Droga como o próprio nome fala é uma merda. Mas quando vocês, meus caros manés, digo leitores, são jovens tudo que é proibido tem um gosto doce e dificilmente consegue ser detido pelo ávido prazer da descoberta.

Feito o chá, todos tomam. Eu disse todos. Detalhe que algo que era para ser feito com “x” número de cogumelos foi feito com “x²” de cogumelos. Você bebe e ao que tudo indica não sentiu barato algum. “Colhega” o tal do chá é uma baita decepção. Você já esta mamado, as gatinhas ficaram de amarração, já está meio lesado pela erva santa, aquela porcaria tem um gosto amargo da peste e só lhe resta uma coisa: ir dormir!

Você então vai para um dos quartos, fecha a porta, lá fora ainda rola um som do The Doors, que foi uma tentativa desesperada de seus amigos conseguirem ter uma viagem com o tal chá, o quarto não tem laje, você se deita na cama que range a cada mexida de seu corpo, à sua frente um armário, daqueles antigos, cheios de entalhes esquizóides, ao lado do armário, um pôster carcomido pelo tempo do desenho Caverna dos Dragões (desenho inspirados nos RPGs) com aquele famigerado Dragão Tiamat no centro do cartaz.

Você já pra lá de Bangladesh resolve fechar os olhos, então a música de Jim Morrison começa a ficar muito lenta, um estranho zunido começa a aparecer em seus ouvidos, flashes de luzes começam a aparecer em sua mente, mesmo com os olhos fechados, você então abre os olhos e os entalhes do armário a sua frente começam a dançar à sua frente como se fossem mulheres em clubes de strippers. Você, meu caro Mané, começa a “travar”, começa a ficar ligeiramente (para não dizer muito mesmo) com medo daquela merda toda.

Neste momento você comete um erro fatal. Você olha para o pôster do Carvena dos Dragões e percebe que Tiamat começa a mexer suas cabeças e a se deslocar para fora do cartaz. “Colhega”, você sabe que está na viagem, mas se trata do próprio Dragão do Inferno, se trata de Tiamat. Você não está nem aí se é alucinação ou não, você quer é dar o fora daquele quarto.

Como está muito chapado e em uma viagem totalmente equivocada você tenta abrir a porta forçando-a para o lado de fora, quando bastaria puxar a porta. O desespero é de tal grandeza, com aquele dragão saindo e se encaminhando para seu lado, que você arromba a porta e sai em desabalada carreira para a sala. Neste instante você olha para o corredor e é como se ele se estendesse para o infinito e além, não importa o quanto ande ou corra, aquela droga de corredor não parece ter fim. Como se não bastasse ter um dragão na sua cola, você agora não consegue chegar à sala. O desespero é inenarrável e você começa a gritar por socorro e a chorar como um menino pequeno.

Quando finalmente consegue chegar à sala o dragão já desapareceu e você, ainda “travado” (leia-se viajando) olha para o micro-system de onde sai o som do The Doors e começa a ver cores saindo da caixa de som, acompanhado pela letra inconfundível:

People are strange, when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked, when you're unwanted
Streets are uneven, when you're down


No outro canto da sala você vê seu amiguinho abraçado com um balde e fazendo movimentos pélvicos como se tentasse comer o balde. Ele o lambe a frente do balde, acariciando-o a lateral, como se tentasse agarrá-lo pela bunda. Você percebe que seu amigo está muito pior, então toma o caminho para fora da casa, pisa no tapete e quase cai, ele está apenas enrugado, mas para seus olhos ele parece fazer marolas. Louco e amedrontado você caminha pelo lado da sala, encostando suas costas na parede e com um medo fodido daquele tapete voar na sua cara e lhe dar um abraço mortal e sufocante.

Quando consegue alcançar a varanda da casa vê de um lado outro amigo ajoelhado e pronunciando barulhos irreconhecíveis tentando se comunicar com alguma coisa que se encontrava no canto da varanda. Mais tarde você descobriria que ele estava conversando com um duende verde. Já no outro canto da varanda as “gatieeeenhas”, sentadas no chão, com as pernas cruzadas, olhando uma para as outras, e fazendo bolhas de saliva na boca. A cada estouro de uma das bolhas a gargalhada rolava solta. Era como se tivessem acabado de escutar a piada mais delirante da estória do humor.

Então você percebe que outro amigo está correndo desesperadamente em volta da casa e ao perguntar qual era a razão para tal desespero ele diz que queria pegar o Sr. Coelho. Sinceramente, até hoje você pensa que ele teve algum trauma de infância relacionado a “Alice” (para bom entendedor, pingo é letra).

Finalmente o zunido no ouvido diminuiu então você deita sobre a relva e olha a imensidão do espaço e, finalmente, você tem a única coisa que presta daquela experiência. O cosmos começa um baile e as estrelas do firmamento começam a dançar para você. É como se todo o universo, em sua homenagem, dançasse uma valsa de Strauss ou Chopin. Aos poucos as estrelas vão parando de dançar e a realidade volta. Neste momento, seu estômago também volta a existir, não só o seu, mas de todos que estão na casa, e é um festival “O Exorcista”, é neguinho virando pescoço, se contorcendo todo e dale vômito.

Lá pelas tantas da madrugada, todo mundo ressaqueado pela lambança, vai dormir, pois o dia seguinte promete. Afinal churrascão no dia seguinte é tudo de bom, né mesmo!? E quem sabe não renda alguma coisa com as “gatieeeenhas”!

Viva as coisas do cotidiano!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PERDOAR

Por André Caixeta Colen

Tentarei não ser ácido hoje, afinal, estamos nos aproximando de uma época especial (ao menos dita como especial), então resolvi falar de um tema complexo, o perdão. Falar sobre perdão, particularmente para mim, é tarefa hercúlea já que costumo dizer que perdoar é divino e definitivamente não sou Deus, ainda (quem sabe um dia!? Vai saber!).

Costumo também dizer que gosto de escrever sobre coisas que sei. Desta forma evito soar falso, ou como mera verborragia demagógica daquele que fala sem conhecimento de causa. Como diria meu antigo professor de processo civil da faculdade (Ronaldo Bretas), falar do que se desconhece é se auto intitular de beócio. Para quem não sabe o que significa beócio é o equivalente a idiota, imbecil, alguém desprovido de capacidade cognitiva mínima.

Em que pese a sapiência do meu antigo professor, digo e repito, sou beócio. E daí!? Vou então ousar falar algo que desconheço. Digo isso do mais profundo recôndito de minh’alma: "EU NÃO SEI NADA SOBRE PERDOAR!"

Segundo o que preceitua o dicionário perdão significa renunciar a punir, absolver. A palavra perdoar tem origens gregas que remontam a idéia de cancelar ou remir. Significa a liberação ou cancelamento de uma obrigação, sendo utilizada muito no sentido de se liberar alguém de uma dívida financeira, psicológica ou sentimental.

Já num contexto religioso, o qual, de antemão, digo que não vou me ater por DEFINITIVAMENTE não apreciar qualquer contexto religioso em meus textos, o perdão é um ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado, liberta-o da culpa pelo pecado. Este é o sentido pelo qual Deus “esquece” quando perdoa (“Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades; e de seus pecados e de suas prevaricações não Me lembrarei mais.”, Hebreus 8:12). Desculpem-me se fiz a remissão bíblica equivocada, mas eu acho que é esta daí mesmo. Como sou eu o escritor desta crônica quem não gostou que busque a sua (remissão).

Pesquisando sobre o perdão na internet descobri um estudo realizado na faculdade de Stanford por um professor de nome Luskin. Segundo estudos desenvolvidos naquela universidade, contando com anos de observação, chegou-se a conclusão que perdoar é uma das ferramentas básicas para a satisfação pessoal principalmente de quem perdoa. E mais, por vezes é elemento essencial para que o perdoado consiga retomar projetos de vida ou satisfação pessoal com as coisas do dia-a-dia.

Talvez por isso, que perdoar seja tão difícil, pois, por vezes, não somos capazes de lidar com nossas alegrias e satisfações, talvez a dor seja algo muito mais palpável e realizável aos nossos sentimentos e ao nosso próprio corpo.

Estou aqui apenas fazendo conjecturas, não sou e nem quero ser detentor da verdade. Aliás, penso que, GUARDADA AS DEVIDAS PROPORÇÕES, a verdade é uma mentira que aconteceu.

Fomos acostumados a pensar que somente através do sofrimento aprendemos. É certo que o sofrimento, por nos deixar marcas, nos lembra, a todo instante, do ensinamento de vida. Enquanto a felicidade e a alegria são confortos sensitivos. E sejamos francos, conforto é algo que nos acostumamos facilmente e depois de acostumados nem damos a devida importância.

A dor, por outro lado, é o incomodo, o estorvo diário que nos lembra a todo instante de nossas fraquezas e fragilidades. Talvez, por isso, perdoar seja tão difícil. Preferimos conviver com a dor que com o conforto da satisfação, da alegria, da felicidade, pois, se retirado este conforto, talvez por medo, não consigamos mais reavê-lo. E convenhamos, quando o conforto nos é retirado a dor pode ser quase insuportável (ATENÇÃO!!! EU DISSE “QUASE”!).

Como se pode perceber, estou fazendo uma abordagem de filosofia de boteco, por favor, não me levem tão a sério. Nem eu me levo tão a sério. Repito, são apenas conjecturas de uma pessoa beócia.

Jamais ousaria colocar qualquer ponderação como se fosse algo pronto e acabado, até porque, como disse no início, eu não entendo nada sobre perdão.

Pelo que tudo indica, em razão das minhas digressões, é que o perdão alivia e traz paz a nós mesmos e talvez por isso seja tão importante perdoar. Ouso mais, perdoar a si mesmo por todas as coisas erradas, ruins e, por vezes, moralmente questionáveis que já tenha feito, é fundamental, pois o perdão lhe trará paz e alegria. Talvez, somente talvez, digam que perdoar é divino porque a paz que é proporcionada pelo perdão nos faça superiormente bem, daí esta divindade (aqui, no sentido de plenitude de espírito).

Como homem, digo que tenho aprendido, a cada dia, um pouco mais sobre a vida, um pouco mais sobre o Homem e um pouco mais sobre o perdão. Tenho aprendido a perdoar os outros, mas a tarefa mais difícil do perdão (perdoar a si mesmo) ainda é um estorvo para mim. Por isso digo que não sei nada sobre o perdão. Não ofereço saídas nem receitas bonitinhas e babaquinhas para ser feliz. Trago algumas angústias naturais de todo indivíduo que pretende viver esta vida com plenitude e com satisfação e as divido com vocês.

Contudo, se o perdão realmente oferece este estado de felicidade superiormente bom, eu digo que perdoem a vocês mesmos, aos outros, e me ajudem aí: “Perdoem-me pela besteirada que escrevi aqui!

Outra, não estou dizendo isso tudo por estarmos no natal, e que o perdão deve permear todas as atitudes que nos rodeia, ou qualquer “papinho de cartão de natal” parecido. Faço este breve desabafo, pois o perdão é algo que me atormenta e uma forma que achei de lidar com as coisas que me atormentam é colocá-las para fora, dividir com pessoas que eu gosto e até com pessoas que não conheço. É pela troca de experiências de vida, pelo maravilhoso dom de escutar e compreender o próximo e suas diferenças, que crescemos, nos aperfeiçoamos como pessoas e, quem sabe, consigamos nos perdoar (eita tarefa complicada, viu!?) e perdoar o próximo.

Numa conclusão simplista e beócia eu diria que perdoar é ser feliz; ser feliz é nosso direito e obrigação nesta vida, logo, perdoar, além de divino, é um direito e uma obrigação. Coisa doida, né mesmo!?

Viva as coisas do cotidiano!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SÁBADO DE SOL

por André Caixeta Colen

Então chegou o final de semana e você, caro leitor, não vê a hora de relaxar e curtir aquela folga merecida do final de semana, não é mesmo!?

E R R A D O!!!

Final de semana para você, que é pobre, como este que vos fala, só tem uma escolha óbvia, ajudar seu coleguinha que está construindo a casa no fundo do lote do pai para poder casar, pois a namoradinha está embuchada, vulgo grávida, prenha, embarrigada e, porque não dizer, embaraçada (não contem para ninguém, viu!?).

Pois bem! Como bom amigo que é! Você levantará cedo no sábado. O fará já contrariado, diga-se de passagem, pois sábado não é dia de levantar cedo, inclusive sendo considerado pecado por algumas religiões, seitas e filosofias de vida (como a minha, por exemplo). Contudo, em nome do social e do amigão que está prestes a se casar e ser papai (não contem para ninguém! Só estou reforçando) você trava o despertador na sexta à noite e vai dormir.

O rádio relógio desperta com um som numa altura insuportável, tocando uma música de pagode igualmente intolerável, pois a moça que faz a faxina foi escutar a “Extra FM” e deixou o rádio no último furo do volume e você, tolinho, digo, caro leitor, esqueceu de verificar antes de ir dormir. Só para esclarecer ao nobre leitor que não é de BH a “Extra FM” é uma das diversas rádios da capital mineira que só tocam pagode e sertanojo (eu não escrevi errado). Enfim, uma rádio que só toca “baranguice” em BH. Com certeza você também tem uma rádio do tipo em sua cidade.

Como se percebe você já acorda bem “animadão”, pois não tem coisa “melhor” que acordar ao som destas porcarias (para quem não notou, eu fui irônico, tá!?). Com toda certeza a letra da música estará contando o chifre que alguém levou da namorada e como a dor de corno corroe o espírito de quem andava feliz e fagueiro quando estava amando. Possivelmente também a voz do vocalista é chorosa e mais parece que surraram o coitado, colocaram um microfone na mão dele e o Coronel Nascimento disse: “Canta vagabundo!”. (independentemente se for sertanojo ou pagode, o vocalista invariavelmente parecerá estar chorando e não cantando).

Você, amigão, toma um banho e corre para o metrô para ir baixar em Venda Nova. Para esclarecer àqueles que não conheçam BH é bom deixar claro que qualquer lugar é longe de Venda Nova. Até Venda Nova é longe de Venda Nova. É como se você estivesse em BH e tivesse de ir a Campina Grande, na Paraíba, cerca de 2.100 km da capital mineira. Exageros à parte (nem tanto!), você pouco se importa com a distância; afinal, você é um cara amigo, amigão, “amigaço”, o famoso “pau-pra-toda-obra”, sangue bom mesmo.

Pontualmente às oito da matina você se encontra na estação do metrô. Às oito e meia o trem chega (é o trem mesmo, a composição férrica. Não é um “trem” qualquer de mineiro), você entra e de cara já tem uma visão do inferno. Dentro do vagão, totalmente tomado por crianças, entre seis e oito anos, completamente ensandecidos que se dirigem ao clube do SESC. Há também, e como de costume, uns quatro Hippies sentados no chão do vagão fazendo brincos e correntinhas para vender na feirinha da Avenida Vilarinho (uma das principais avenidas da região de Venda Nova). Dois sujeitos que mais parecem armários de casal de porta aberta, com cara de maus, com ternos pretos amarrotados e velhos, camisas brancas, olhos vermelhos e um cheiro que se traduz na mescla de nicotina com desodorante avanço, logo, seguranças de boates, bares, zona e congêneres. Por fim, um vendedor com uma cesta de vime repleta de pasteis fritos que irá fazer seu ganho na porta do clube do SESC e, obviamente, você.

Caro leitor, aquele cheiro de nicotina, desodorante barato, gordura usada, gritos de crianças começam a entranhar em seus sentidos, você começa a se sentir tonto, nauseado, com uma vontade absurda de ver o vagão descarrilar e acabar com aquela tortura.

Para melhorar ainda mais, um dos hippies se levanta e começa a lhe oferecer correntes e brincos, você olha para o cara já com vontade de sair na porrada, mas se contem. Afinal, para que você quer correntes e brincos, cacete!? Nem namorada você tem!

Após uma longa e exaustiva viagem (sim, ir a Venda Nova se equipara a uma viagem, uma looooooonga viagem) você chega à sua estação, desce, pega o ônibus de integração e depois de “meia hora” no “busão” você está na casa do pai do seu colega. Em tempo, você estava achando que iria descer na estação e a casa de seu amigo estaria logo á frente? Vai sonhando bonitão!

Após esta pequena e inesquecível aventura férrica e de “busão”, você toca a campainha e a mãe de seu amigo, Dona Carmem, o recepciona. Uma senhora de aproximadamente um metro e sessenta, cento e dezoito quilos (sim, obesidade mórbida, mas e daí!? Não é mesmo!?), morena, toquinha no cabelo, riso largo vem, abre a porta para você e o convida para entrar. Logo que entra ela já solta um berro estridente bem ao seu lado, chamando seu amigo e anunciando sua chegada. Ela o encaminha para os fundos do lote, onde está sendo construída a edícula, leia-se “puxadinho”, mas o termo edícula fica bem mais charmoso e menos pobre.

Quando chega aos fundos da casa você vê a namorada (futura esposa e mamãe) do seu amigo de camiseta de propaganda política do PT, bermudinha jeans, rasteirinha, sentada num banquinho com uma bacia apoiada nas pernas, uma faca na mão e ao seu lado três baldes contendo, em cada um, pimentão, cebola e tomate, ou seja, vai rolar um vinagrete básico. No outro canto você vê o pai do seu amigo tentando, a todo custo, acender o carvão naquelas churrasqueiras improvisadas feito de roda de caminhão. Ao lado do pai está o irmão de seu amigo preparando a carne que será assada, leia-se maminha, coração, lingüiça calabresa, salsichão e asa de frango.

De relance você olha para traz e vê, ao lado da porta que dá acesso para a cozinha de Dona Carmem, um isopor repleto de Itaipava, duas garrafas de Boazinha (cachaça), limão e açúcar. Consegue também verificar que há alguns pets de guaraná Del Rey, Cola Mineirão e um refrigerante na cor laranja que se quer sabe pronunciar o nome e cujo rótulo vem escrito em letras garrafais: “SABOR ARTIFICIAL DE LARANJA”.

Inevitável, caro leitor, mas neste momento você sentirá medo!!!

Como se não bastasse o despertador da manhã, seu amigo chega com um monte de CDs todos, sem exceção, contem mais de seis integrantes em suas capas, logo, só pode ser uma coisa, PAGODE.

Ninguém merece!!! Mas você é amigo, companheiro e faz de conta que gosta e diz: “Nossa! Escutei este daqui pela manhã, acredita!?”.

O pior é que realmente você escutou aquele grupo pela manhã e sua faxineira será eternamente lembrada por este momento ímpar no despertar da manhã. Seu colega então, empolgadíssimo, tira o CD, o coloca naquele Micro System, que de micro não tem nada e mais parece um trio elétrico de tanta caixa, coloca no último furo e o “pagodão” começa a rolar solto. Só alegria, “né mermo”!?

O futuro papai então começa a preparar o cimento, brita, areia e água. Caro leitor, você vai bater laje. Eita coisa boa de fazer e que quase não dá trabalho!!!

Vocês então posicionam as escadas, neste momento chegam mais quatro colegas de seu amigo, você sobe até onde será despejado o concreto e aí começa a loucura. Amigo, acontece que você começou a trabalhar no sol tranqüilo e manso de meio dia e dale balde de concreto. Para quem já bateu laje é fato público e notório que tal serviço é algo desumano.

Na medida em que você vai socando o concreto, ele vai secando e um vapor começa a subir, neste momento você já não sabe se o calor vem do sol acima ou do vapor abaixo, sua camisa vai suando, sua cabeça vai suando, tudo vai suando, TUDO MESMO! Naquela vontade de acabar com aquela tortura braçal você comete um erro quase sem importância, mas que lhe custará muito, como se verá adiante: você não se hidrata, leia-se beber água.

Após quatro horas de muito serviço você desce telhado, totalmente transtornado, visivelmente abatido e sem vontade de cantar uma bela canção, principalmente se for de pagode. Logo que você coloca os pés no chão seu Jair (pai do seu colega) já o recepciona com um copo lagoinha de Itaipava e você bebe como se estivesse tomando gatorade. Caro leitor, você desce o beiço na Itaipava, e na boazinha, e na carne, vinagrete, coraçãozinho, maminha, arroz, farofa... Afinal, com a sede e a fome em que se encontra aquilo virou um verdadeiro quitute dos deuses.

Depois de passar o dia ralando, leia-se batendo laje, você começa a sentir uma ardência no corpo. Vale lembrar que você não é mocinha e esta coisa de protetor solar é trem (aqui é o trem de mineiro mesmo) de bichinha, de emozinho babaquinha. Não é coisa de macho, porra!!! Você está mais vermelho que um camarão frito.

Já cansado você resolve que está na hora de voltar para casa. Estranhamente você começa a se sentir meio tonto, febril, seu estômago começa a fazer estranhos e incompreensíveis sons, mas você continua firme em seu trajeto de retorno, mas resolve gastar um cadinho mais (cadinho, leia-se muito mais) e pegar um taxi para voltar.

Você então caminha para o ponto de taxi e sente suas pernas bambearem e começa a sentir algo crescendo dentro de seu estômago como se fosse um “alien” pronto a estourar seu peito. Contudo, ao contrário do que você pensa, não é um “alien” que sai, mas sim um jato de vômito, numa cena típica e merecedora de estar no filme “O Exorcista”. Você mais parece um poço de petróleo expelindo o ouro negro. Amigo, você acaba de ser vítima de insolação.

É uma visão nababesca.

Neste momento, e para seu azar, vem descendo uma “veraneio vascaína” (para quem não sabe é viatura de polícia), antes que pudesse explicar o que está acontecendo você já leva uma mãozada na orelha e ouve o policial dizendo: “Tá maluco vagabundo!”. Só então percebe que com tanto lugar para passar mal, você o fez diante da delegacia da polícia civil.

Fala sério “colhega”!!! Tinha outro lugar não!? Depois de tomar uma dura dos policiais, de fazerem você limpar toda a calçada da delegacia e tomar um chute no traseiro, você segue viagem até o ponto de taxi. Lá chegando, sua cara de total transtorno está tão visível que os taxistas se recusam a transportá-lo e só lhe resta pegar o metrô de volta.

Você então tem de ir andando até à estação do metrô, pois o “busão” de integração já não estava circulando e começa sua longa jornada até à estação.

Chegando à estação você se depara com quem? Pois é! Com aquela excursão de crianças que foram ao SESC pela manhã! Estão todos lá! Só que agora berrando, em prantos, brigando porque um coleguinha “invadiu o espaço aéreo” do outro, brigando porque um coleguinha tem um canudinho de suco vermelho e o do outro é branco, enfim, brigando e fazendo birra por tudo. Amigo, é tanto choro berro que seu mal estar só aumenta. Lembra do “colhega” do pastel frito!? Então, ele também esta lá e a cesta, apesar de não ter mais pasteis, continua com aquele cheiro maravilhoso de gordura.

O trem chega (trem mesmo, composição férrica, lembra!?).

Você entra num dos vagões e reza para que os pirralhos e o pasteleiro escolham outro vagão. Mas nãããão. Todos entram no mesmo vagão e a tontura com a gritaria, choro, birra, gordura, febre, ardência no corpo, bambeza, tudo vai só gradeando em seu estômago até que já não há mais como segurar e ao invés de explodir o coração (como na música do Gonzaguinha) o que explode é o nome inconfundível do “Ruuuuuuuuuuuuuuiiiiiiii!!!” (para quem não entendeu esta é a onomatopéia para o vômito!)

Somente neste momento os meninos param todos de gritar, chorar e fazer birra, o pasteleiro se afasta de você e todos olham como se fossem um leproso na idade média. Um condenado à morte.

As crianças se agarram nas barras de seus tutores com medo do moço que esta passando mal. Se por um lado seu mal estar é terrível; por outro é bom, pois a gritaria e o cheiro de gordura reduziram sensivelmente.

O resto da viagem, tirando o cheiro da vomição que impregna em todo o vagão, transcorre com certa tranqüilidade. Ao chegar à estação você desce meio bambo e entre os olhares de reprovação dos demais passageiros que o fuzilam como se você tivesse roubado e matado alguém.

Finalmente está em casa você tenta tomar banho, suas costas pinicam mais do que pele na urtiga. A febre só aumenta, a bambeza do corpo já é notória, você mal consegue parar em pé. Contudo, você já não vomita mais e tudo agora vai melhorar, não é mesmo!?

E R R A D O!!!!

Caro amigo, começa então a fase do “piriri” e você passará a noite inteira sentado em trono real, leia-se vaso. Será realmente uma noite memorável e da qual você não esquecerá tão cedo. Seu domingo será composto de gatorade, soro caseiro e bolachas água & sal. Mas não se preocupe!! Como disse lá no início você é amigo, amigão, amigaço, o famoso pau-pra-toda-obra, sangue bom mesmo! E o que é um insolação para alguém que é tão prestativo, não é mesmo!?

Viva a amizade, viva as coisas do cotidiano!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CARNAVAL DA DUREZA

Por André Caixeta Colen

Amigão, você mora num “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” e como em todo fevereiro, desde que você se entende por gente, tem carnaval. Época boa, você está solteiro, ou seja, você está na esbórnia, para não falar putaria liberada, não é mesmo!? Então, como um bom guerreiro você reúne aquela turma “sangue-bom” para ir para o interior do estado. Em tempo, é bom lembrar que você está solteiro, mas está quebrado e grana para ir para praia, mesmo que no inferninho capixaba já está meio complicado.

Como bom brasileiro e fidedigno representante da espécie masculina você acha que se antecipar, preparar a viagem, se organizar é uma tremenda bichice, coisa de nêgo boiola, sem o que fazer da vida, menino criado com vó e tantos outros carinhosos e singelos apelidos que você aprendeu ou que seus amigos vivem chamando as pessoas que agem de forma prudente e preparada. Como verdadeiro representante do guerreiro de carnaval, na quinta-feira que antecede ao final de semana do carnaval, resolve ir com a galera para um inferninho do interior, no bom estilo Itapecerica de ser.

Então na sexta-feira, após o serviço, todo mundo se reúne e se dirigem à rodoviária aí você se depara com a primeira realidade dos despreparados não existem mais nenhum ônibus para o tão sonhado inferninho. Neste momento você, como ser inteligente que é, resolve correr para o Terminal Juscelino Kubitschek. Afinal ali existem várias excelentes companhias de transporte estadual e interestadual, com frota renovadíssima e com preços bem mais acessíveis (modo irônico totalmente on).

Então naquele tumulto que é inerente ao processo, a “machaiada” lota dois táxis e saem em desabalada carreira para o Terminal, pois lá irão encontrar o tão sonhado meio de transporte para o inferninho interiorano. Caro leitor, ao chegar ao Terminal, você se depara com uma triste, mas dura realidade: “Até aquelas bostas, denominados ônibus de turismo, estão totalmente lotados!”

Ao que tudo indica você passará seu carnaval tentando o suicídio em Belo Horizonte, pois é fato que carnaval em BH é altamente depressivo não sendo recomendado para pessoas de espíritos fracos ou fragilizado psicologicamente. Você, caro leitor, se enquadra perfeitamente numa destas espécies. Neste momento sua turma entra num estado alterado de realidade aceitando qualquer coisa que tenha quatro rodas um motor e que os retire rapidamente da cidade. Então, você percebe o possante que se dirige à Formiga e pensa: “Nossa!!!! Simbora neste ônsss que ele passa por Itapecerica!!!”

Mais do que de pressa vocês e seus amigos embarcam no veículo. Caro leitor, chamar de veículo algo que se auto denomina NASA e que muito provavelmente deve ter saído da linha de montagem quando seu avô nasceu, não é só um ato de desespero, mas, SOBRETUDO, de coragem.

Amigo a NASA, a de verdade, lá dos “isteites” conseguiu a proeza de mandar em pedacinhos dois “ônsss” espaciais. Você acha, SINCERAMENTE, que seu Jão, o motorista do NASA MADE IN BRAZIL, que estava de camisa desabotoada, futucando um umbigo, com o bigode ainda sujo de coxinha e fedendo a caninha 51 se preocupou em fazer qualquer manutenção no veículo? Se você acha que sim, você estará entre os 0,0000000001% da população, maiores de 13 anos, que também acreditam em Papai Noel, duendes, fadinhas, coelhinhos da páscoa e a Cuca.

Sejamos sinceros, o NASA é uma pocilga em forma de jardineira. Neste momento abramos um breve mais significativo aposto para explicar o que vem a ser jardineira. Afinal o cotidiano também é cultura: “No início do século XX “Jardineira” virou sinônimo de ônibus. A palavra tem origem no francês ‘jardin’, que designa também horta, pomar, quintal. Os agricultores franceses transportavam seus produtos para as cidades em veículos utilitários denominados de ‘jardinière’. Quando as jardinière passaram a transportar também pessoas, manteve-se o nome original. Na Itália, virou ‘giardineira’. E na Espanha, ‘jardinera’. Imigrantes espanhóis e italianos enriqueceram nossa língua com a variante ‘jardineira’.”

Fechado o aposto retomemos à pocilga, ou melhor, jardineira do seu Jão, singelamente apelidada de NASA. Vejam bem!!! A informação que passamos a relatar não foi dada por seu Jão, mas, com certeza, segundo fontes sigilosas, o NASA era a sigla para Não Arrependa, Só Adentre. Como se percebe é necessário muita coragem, mas como diz seu Jão: “Óóói!!! O NASA é baum, sô!!! Só sacode um cadim, faz uns barui istranho, mas é cofiarvi!!!”

Então começa a viagem, ou melhor, a aventura. Você e seus amigos já abrem o isopor repleto de cerveja, dois litros de fanta, dois de coca, uma vodka e um rum “Montila”. Amigo o NASA vira um bar móvel. Então está tudo bem, dentro das possibilidades, e a coisa começa a feder quando o NASA se vê diante de uma blitz da Polícia Rodoviária Federal. Nisso amigo, é um vuco-vuco, nego colocando garrafa de vodka debaixo da poltrona, escondendo o Rum na jaqueta, fechando o isopor de cervas, tacando balas de halls na boca. Como se isso não bastasse você vê seu amigo, SERGIÃO, aflito engolindo algo parecido com grama seca e aí você se dá conta que o retardado trouxe “erva-santa”. Você pensa: “Putz!!! Agora a casa caiu!!! Tá todo mundo preso, porra!!!”

Como você, todos seus amigos, cada um com uma porção, começam, num ato de desespero, ajudar SERGIÃO engolir a merda do bagulho, enquanto isso o NASA se aproxima e pára na Blitz. Todos se viram para frente como rapazes educadamente civilizados tentando disfarçar o indisfarçável: “ESTÃO TODOS BÊBADOS E, MUITO EM BREVE, EMACONHADOS!!!”

O policial requer do seu Jão a carteira de motorista, documentos do NASA e a licença de transporte. Neste instante seu Jão faz uma cara de total desconhecimento e pergunta: “Dotô!!! Licença de transporte!?”. Ééééé “colhega”. O “gualda” nem examina a papelada. Já manda todo mundo descer do NASA. Seu Jão meio sem saber e cutucando o umbigão, diz para o pessoal descer. Você e seus amigos, meio trôpegos tentam disfarçar a embriagues e saem do veículo.

Uma vez sentados no meio-fio você e seus amigos começam a sentir ligeiras, mas significativas mudanças na estrada, ela começa a parecer muito mais colorida, muito mais divertida, muito mais cômica. Neste instante cada carro que passa torna-se o maior show de comédia que alguém já tenha visto. Quanto mais tentam disfarçar os efeitos da “erva-danada”, mais fica evidente o estado lastimável. SERGIÃO, o pior de todos, começa a dar saltos e olhar para sua própria mão como se fosse algo que acabara de descobrir em seu corpo, ao mesmo tempo, se dobra em gargalhadas a cada salto e passada de mão pelos olhos.

O “gualda” se aproxima e pergunta:

— Cidadão, você está sob algum efeito de alucinógeno!?

Nisso SERGIÃO, pára de saltar, olha fixa e seriamente nos olhos do policial e solta a maior gargalhada que já se ouviu na face da terra. Seu riso é tão incontido que saliva é jogada contra face do policial.

A última coisa que SERGIÃO diz se lembrar, anos depois, foi da tonfa batendo em suas pernas e a mãozada no ouvido. Os restantes de vocês viram-se e fazem de conta que SERGIÃO é um sujeito que nunca tiveram contato na vida e começam a rezar para todos santos, anjos e arcanjos.

Seu Jão após alguns incontáveis 15 minutos, retorna com uma triste constatação. Você e seus amigos só saíram dali se rolar um CPF para a moçada do plantão. Em outras palavras: “O NASA só continua viagem se rolar uma Comissão Por Fora para os ‘gualdas’!”

Nisso cada um desembolsa mais “cenzinho”, paga-se sorrateiramente o policial e a viagem continua, mas sem SERGIÃO que será eternamente lembrado pelo seu ato de sacrifício e bravura.

Você começa a constatar que vai faltar grana pra breja, mas isso é assunto para depois o negócio agora é continuar a beber, viajar na maconha que ainda está fazendo efeitos lancinantes e pensar na mulherada frenética que haverá em Itapecerica.

Após trinta minutos de retorno da viagem o NASA começa apresentar barulhos muito mais esquisitos do que antes e de repente, não mais que de repente, o habitáculo começa a se encher de fumaça e pipocar, como rojões de São João. Seu Jão então encosta o veículo e pede para todo mundo sair do veículo, NOVAMENTE. Após uma breve constatação da situação do NASA, ele se vira a vocês e diz:

— Óóóia!!!! “Ieu” tenho uma notícia boa e uma ruim! A notícia boa é que o “pobrema” do NASA tem solução, “grazadeus”!!! A notícia ruim é que eu não consigo resolver o “pobrema”!!!

Você e seus amigos já começam a considerar seriamente a possibilidade de realizar um homicídio com requintes de crueldade. Seu Jão então começa a lenta e sempre determinada marcha em direção à cidade para buscar o mecânico. Detalhe importante, estamos falando de fatos que ocorreram no início da década de 90, logo, celular era algo inimaginável, ainda mais à margens de rodovias. Já está escurecendo e você, muito provavelmente, vai dormir à beira da estrada. Em outras palavras: Você está na merda!!!

Aproximadamente, às duas da madruga de sábado, totalmente sem qualquer bebida alcoólica e numa “larica” inenarrável o mecânico chega juntamente com Seu Jão em um caminhão reboque. Seu Jão traz junto de si dois pacotes de doritos sabor de peido. Em tempo, todo doritos fede a peido. Contudo, isto pouco importa, você e seus amigos tomam os pacotes num afã frenético por comida e os devoram alguns segundos.

O mecânico igualmente esculhambado mexe, remexe e estremece o NASA sem nada conseguir. Detalhe é que o mecânico veste uma calça que a cada descida para verificar o motor deixa mostrar, não um cofrinho, mas um verdadeiro Fort Knox. Aquela visão bisonha jamais saíra de sua mente, caro leitor. Lá pelas cinco da matina o mecânico se rende e acopla o NASA ao reboque e começa sua longa jornada até Itapecerica. A uma velocidade compatível com a de uma lesma com preguiça.

Finalmente, você consegue chegar em Itapecerica por volta das 09 da manhã de sábado. A cidade inteira dorme e você está inteiramente de ressaca de maconha e bebidas.

Vocês se encaminham para a área de camping, afinal nêgo duro não paga hotel, nem pousada, mas, sim, monta uma barraca na área de camping da cidade. Em Ita (Itapecerica para os íntimos) a área de camping se reduz a uma área gramada com um banheiro feminino e outro masculino e um chuveirão. Mas isto pouco importa, né mesmo!? O que interessa é que você está no inferninho e aqui ninguém é de ninguém, né mesmo!?

E R R A D O!!!!

Após se instalarem nas barracas e dormirem um pouco está na hora do pega-pra-capar. E aí vocês teriam de gastar outra nota para comprar bebidas, mas como estão sem aporte financeiro (leia-se duros), vocês compram um pote de mel, nove limões e uma cachaça artesanal (leia-se álcool absoluto feito por algum tarado da região). O fato é que dois “litrões” de pinga saíram por dez contos, UMA PECHINCHA!!!

Vocês então fazem aquela batida, que está mais para coquetel molotov e saem para a praça da cidade onde tudo acontece. Lá pelas tantas, cientes que cachaça é bebida do capeta, a realidade começa a se alterar e aí é que mora o perigo. Amigão, você resolve mexer com quem não devia e aí a coisa fede geral.

Você nem sabe de onde veio e a única coisa que se lembra foi de tomar um murro na ponta do queixo. Daí é tanta pesada, ponta-pé, murro, chute que você acorda no pronto atendimento da cidade juntamente com seus demais amigos, que igualmente arrebentados tentam recolher os caquinhos e voltarem para a área de camping.

No caminho de volta você percebe os olhares atravessados e, às vezes, ameaçadores, até que alguém se aproxima e diz apontado o dedo:

— Aeee, doidim!!! Saí vazado senão vai morrê, tá ligado!?

Depois da surra que levaram você e seus amigos não duvidam de mais nada e rapidamente se dirigem para o camping para pegar as barracas e irem embora. Quando chegam ao gramado, ou melhor, à área de camping, vocês se deparam com uma triste realidade: Não há mais barraca!!! Não há mais nada, salvo, é claro, cinzas do fogo que consumiu tudo. Você e seus amigos também percebem que não possuem mais dinheiro e os cartões de crédito foram totalmente consumidos pelo fogo da raiva dos nativos.

Então o que resta é ir para a estrada, escrever em papelões o destino desejado e torcer por um bom samaritano dar-lhes carona. Porém, o melhor de tudo é saber que ano que vem tem mais, não é mesmo!?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Em busca do novo amor – Manual Prático

Por André Caixeta Colen

Depois daquela imensa entre-safra, você, caro amigo (a), “resolve” que chegou a hora de encontrar um novo amor. Contudo, você é uma pessoa esperta, vivida e sabe que esta coisa de sair à caça de amores só dá numa coisa: M.E.R.D.A., também conhecido como Muito Estresse Resultante De Azar!

O que você provavelmente, que está há muito tempo fora do “mercado”, não sabe é que hoje acontece um fenômeno muito comum nas demais searas dos relacionamentos humanos que é a falta de paciência e a necessidade de velocidade em tudo que acontece. O relacionamento agora tem de ser just in time, não admitindo-se atrasos, imprevistos, desencontros, expectativas e outras coisas mais que nos relacionamentos lá de mil novecentos e guaraná com rolha existia.

Costumo dizer que o amor de hoje é um fast food de sentimentos. Você entra em uma das lojas da rede “Amor para viagem”, escolhe o material (ele ou ela), escolhe todos os acompanhamentos (leia-se sentimentos), coloca tudo numa bandeja, senta-se sozinho (você não precisa do outro, o outro é só um detalhe) e num período de no máximo um ano deverá ter sentindo todas as nuances, maravilhas, desgastes, delícias e agruras que um relacionamento proporciona.

Putz! Que meleca é isso!? Como assim!? Relacionamento de verdade está mais para um jantar, com direito a hors-d'oeuvre (leia-se antepasto), sopa, entrée, prato principal, queijos, sobremesa e por fim o café, licores e cognac. É algo que demanda tempo, que não se precisa de pressa, onde se saboreia cada nuance em seu devido tempo. Um relacionamento de verdade é como jantar: elegante; gostoso; sem pressa; respeitoso; saciante; e que sempre deixa uma vontade de quero mais.

Portanto, como se vê amigo (a) a coisa está complicada. Você mal conhece a pessoa e ela já está exigindo posturas, cobranças, intimidades como se você já estivesse com ela há pelo menos uns cinco anos. Daí você se apressa os sentimentos para dar conta do recado e acaba cansando, cansa-se rapidamente do relacionamento, pois tudo que era para ser vivido com tranqüilidade foi sorvido de uma só vez pelo fast food sentimental.

Outro equívoco que ele e elas sempre cometem é procurar o príncipe e a princesa. SAIAM DESSA.

Moças, por favor, procurem os lobos-maus, eles a ouvem melhor, a vêem melhor e ainda a comem. O lobo-mau não quer você só porque tem um rostinho bonito. Ele a quer porque você o faz sentir-se bem e dividir algo bom e significativo.

Não vou mentir, quase sempre o lobo-mau não é muito bonito, aliás ele foge aos padrões entabulados pela moda. Contudo ele é um home de verdade, que procura a verdadeira essência da mulher. Ele, lobo-mau, não se interessa só num rostinho bonito e um corpo gostoso. O lobo-mau quer mais, pois o que ele mais quer comer (além de você, é claro!!!) é a sua essência, aquilo que a faz especial aos seus grandes olhos gulosos.

O lobo-mau não fica com cobranças absurdas, com crises de ciúmes, ele é seguro de si e sabe que quando há respeito, compreensão, tesão e amor não há necessidade de ciúmes ou chiliques sentimentalóides.

O lobo-mau não se importa que você saia com familiares, as amigas, amigos. Ele inclusive acha isso bom, pois todos nós precisamos de um tempo só para nós e nossos amigos e familiares.

O principal disso tudo é o fato do lobo-mau ser bem resolvido e não precisar de uma mulher para ser feliz. Ele precisa de uma mulher para dividir sua felicidade. Ele é um ser completo e não precisa de alguém para completá-lo.

Parem!!! EU DISSE PAREM com esta idéia absurda e mal concebida, passada a vocês, sobre príncipe encantado.

O Príncipe Encantado é um emo, disfarçado de homenzinho, que fica com um cabelinho à Justin Bieber e que chora quando uma pena do rabo de um passarinho cai, ou quando uma vaca arrota porque a camada de ozônio está sendo destruída.

Em suma, é um veadinho babaca, sem o que fazer da vida e que possivelmente é mais fresco que você.

O Príncipe Encantado é babaquinha que não sabe sentar com você numa mesa, ou conviver com sua família, pois ele está muito mais interessado em saber como está a franja dele às vistas das demais pessoas.

Outra, o tal Príncipe Encantado, não conversa com ninguém além de você, pois diz que é tímido. ACORDEM SENHORITAS. Este filho-da-puta não é tímido, ele só não se interessa em conversar com ninguém porque é um bosta com cabeça vazia e que não sabe trocar meia dúzia de palavras que não seja: “Você é linda, eu te amo. Gosto tanto de você que tenho vontade de chorar!”

Ahhhhhhhhhhhhh!!! PUTA QUE PARIU!!! VAI SE FUDER EMOZINHO BABACA!!! VIRA HOMEM, PORRA!!!! OU ENTÃO SAI DA BOSTA DO ARMÁRIO E VAI DAR O Piiiiiiiiiiii!!!!

Por sua vez – PELO AMOR DE DEUS – Homens (coloquei em H maiúsculo, porque se refere a homens de verdade e não estes babaquinhas e meninotes que se acham homens de verdade) parem de procurar princesinhas.

Estas babaquinhas só querem uma coisa de você e não é seu amor, charme, inteligência, carinho ou capacidade de fazê-las rir. Elas só querem parasitar a sua vida.

A princesinha se acha o centro do universo, que é a última bolacha do pacote. São pistoleiras treinadas em parecerem inocentes e frágeis, necessitando de um homem que as façam sentir seguras.

PORRA NENHUMA!!! São pilantras que só querem sugar todo o sentimento de você e fazê-lo de escravo dos sentimentos!!! A Princesinha é uma VAMPIRA DISFARÇADA!!!

Parem de achar que estas mocinhas com cara de menininhas e gostosinhas são o que há, NÃO SÃO PORRA. Isto não é mulher, isto é outra coisa. Sinceramente nem sei definir o que é, mas sei que Mulher não é.

Estas ditas princesinhas são dependentes de você para tudo, pois, como dito, são parasitárias. São mimadas, aborrecidas, carentes até o último fio de cabelo, não sabem conversar com ninguém além das amiguinhas (sim, elas andam em bando) e você.

Outra, a princesinha tem uma necessidade abissal de ligar para você todos os dias, ao menos cinco vezes ao dia para saber coisas triviais, tais como: se tomou café, se almoçou, o que almoçou, se está pensando nela, se cagou, se mijou, se peidou, se está pensando nela (repetição proposital), se vai vê-la hoje, se está sentindo a falta dela. ENFIM, PARA FICAR ENCHENDO O RAIO DO SACO!!!

Caso coloque uma princesinha no meio de sua família ou amigos, ela simplesmente se cala, não se socializa e fica fazendo caras e bocas até que você seja forçado a ir embora e fatalmente o afastará de familiares e amigos.

Prove que você é um home de verdade, que tem colhão no meio destas pernas e procure se relacionar com a Bruxa.

Sim!!! Você não leu errado!!!

PROCURE A BRUXA!!!

Esta sim é uma mulher interessante.

Veja bem, uma bruxa tem vida própria, não precisa de homem para deixá-la feliz, ela é inteligente (afinal tem de se virar sozinha), tem condução própria (vassoura) e não precisa que você faça serviço de van para ir aos lugares aonde venham a se encontrar, ela tem uma vida própria, sabe interagir em todos os ambientes (nem que seja por meio de poções mágicas – leia-se o encanto natural da bruxa).

A bruxa possivelmente encantará seus familiares e amigos com suas conversas interessantes, engraçadas, afinal a bruxa é vivida e não precisa estar entre outras bruxas para saber se dar bem em situações, digamos, mais complicadas.

Possivelmente a bruxa acabe fazendo mais sucesso entre familiares e amigos do que você. Todavia, caso você seja um homem de verdade, ao invés de achar ruim, vai gostar, pois sabe que não precisa ficar paparicando o tempo todo (como no caso da princesinha).

Outra grande vantagem da Bruxa. O fato de ela ter profissão (afinal é bruxa) não há deixa com tempo e nem saco para ficar ligando para você todo dia. Outra, mesmo que tivesse tempo e saco, ela não precisa disso, pois sabe que o sentimento que há entre vocês não carece de uma presença física ou telefônica TODO O SANTO DIA.

Caso você ligue, ela vai achar bom. Entretanto, caso não ligue, ela não vai se martirizar e ligar para você 452485 vezes (o número de vezes foi levantado por estatísticas realizadas pelo Instituto Data Foda-se) para saber o que está acontecendo. Ela não precisa disso para saber que você gosta dela.

Uma bruxa também aprecia um relacionamento no estilo jantar completo, pois sabe que só assim se é capaz de realmente conhecer o outro e dividir algo sincero e bom.

Portanto, caros leitores (as), na volta ao mercado procurem o lobo-mau e a bruxa e adotem jantares ao invés de fast food sentimentais.

terça-feira, 27 de abril de 2010

GUIA DA COPA 2010 PARA MULHERES

OBSERVAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA: O TEXTO TEM O ÚNICO INTUITO DE PROVOCAR A IRA FEMININA.... hehehehe
Com o intuito de reduzir sensivelmente eventuais discussões e rusgas entre os casais sugiro afixar, o quanto antes, em lugar visível e de fácil leitura, como, por exemplo, acima do fogão, da máquina de lavar, da pia, do tanque; ou mesmo na porta de geladeira, as seguintes regras que passarão a vigir no dia 11 de junho de 2010.

Querida Esposa/Noiva/Namorada/Peguete/Ficante/Assemelhadas,

1. De 11 de junho a 11 de julho de 2010, você deverá ler a seção de esportes do jornal de modo a se manter a par do que se passa com respeito à Copa do Mundo, o que lhe permitirá participar das conversas. Caso não proceda desta maneira, você será olhada com maus olhos, ou mesmo ignorada por completo. Neste caso, NÃO RECLAME por não receber nenhuma atenção.

2. Durante a Copa, a televisão é minha, o tempo todo, sem exceção. Se você dirigir o olhar ao controle remoto, uma vez sequer, você o perderá (o olho).

3. Se você precisar passar em frente à TV durante um jogo, eu não me importarei, contanto que o faça rastejando e sem me distrair. Se você decidir se exibir nua diante de mim à frente da TV, esteja certa de vestir-se imediatamente em seguida, pois, se pegar um resfriado, não terei tempo de levá-la ao médico nem de lhe dar assistência durante o mês da Copa.

4. Durante os jogos eu estarei cego, surdo e mudo, exceto nos casos em que eu solicite que me encha o copo ou peça a você a gentileza de me trazer algo para comer. Você estará fora de si, caso ache que irei ouvi-la, abrir a porta, atender o telefone ou pegar nosso bebê que possa ter caído no chão... ISSO NÃO VAI ACONTECER.

5. Seria uma boa idéia manter pelo menos duas caixas de cerveja na geladeira o tempo todo, bem como razoável variedade de tira-gostos e belisquetes. E por favor não faça cara feia para meus amigos quando eles vierem assistir jogo aqui em casa comigo. Como recompensa, você estará autorizada a assistir à TV entre meia-noite e seis da manhã, a menos, é claro, que neste período haja a reprise de algum jogo que eu tenha perdido durante o dia.

6. Por favor, por favor, por favor! Se me vir contrariado por algum time de meu interesse estar perdendo, NÃO DIGA coisas como: "Ah, deixa isso pra lá, é só um jogo..."; ou "Não se preocupe, eles vão ganhar da próxima vez...". Se disser coisas desse tipo, só me deixará com mais raiva e vou amá-la menos. Lembre-se: você jamais saberá mais sobre futebol do que eu e suas supostas "palavras de encorajamento" apenas nos levarão à separação ou ao divórcio.

7. Você será bem-vinda a sentar-se comigo para assistir um jogo e poderá me dirigir a palavra no intervalo entre o primeiro e o segundo tempos, mas apenas durante os comerciais e (importante) APENAS se o placar do primeiro tempo tiver sido do meu agrado. Favor notar também que especifiquei UM jogo, ou seja, não use a Copa do Mundo como pretexto mimoso para aquela coisa de "passarmos tempo juntos".

8. Os repetecos dos gols são muito importantes. Não importa se já vi o gol ou não, eu quero ver novamente. Muitas vezes.

9. Avise suas amigas para no mês da Copa não darem à luz nenhum neném, ou mesmo promover qualquer festa de criança ou eventos de qualquer natureza que exijam minha presença, porque:
a) Eu não vou;
b) Eu não vou, e
c) Eu não vou.

10. No entanto, se um amigo meu nos convidar para ir à casa dele num domingo para assistir um jogo, iremos de imediato.

11. As resenhas esportivas da Copa toda noite na TV são tão importantes quanto os jogos propriamente ditos. Que nem lhe passe pela cabeça dizer coisas como: "Mas você já viu isso tudo... porque não muda para um canal que todos possamos assistir?" Se disser algo assim, saiba desde já que a resposta será: "Veja a regra nº 2 dessa lista".

12. E, finalizando, por favor, poupe-me de expressões como "Graças a Deus que só tem Copa do Mundo de quatro em quatro anos". Estou imune a manifestações dessa natureza, pois após a Copa vêm a Liga dos Campeões, o campeonato italiano, o espanhol, o brasileirão, etc.

Grato por sua cooperação.

P.S.:Esqueci de informar que é para deixar a TV do quarto também ligada, pois posso precisar ir ao banheiro e, no caminho, dou uma olhadinha...